logotipo da necrópole        Grutas Artificiais do 3º milénio a.C.                                                                                                                                         http://www.arqa.pt                                      

  Gruta nº3                    Integração cronológica:  Neolítico Final / Calcolítico Inicial

Condições de Visita: Núcleo Museológico,              entrada livre.

                       Horário:    Verão    14h30 - 18h00

                                                                                                       Inverno 14h00 - 17h30

Localização: A Necrópole de Carenque situa-se nas imediações do Bairro dos Moinhos da Funcheira, a norte da Freguesia da Mina, no lugar do Tojal de Vila Chã, junto aos reservatórios da EPAL.

                                Coordenadas geográficas -       Latitude:   38°46'24.61"N         Longitude: 9°14'37.41"W

A ARQA participa na gestão deste espaço museológico, conjuntamente com a CMA, por intermédio do "Protocolo para a Preservação e Valorização do Património Arqueológico da Amadora".

 

            A Necrópole de Carenque é constituída por três sepulcros colectivos escavados nos afloramentos calcários do Tojal de Vila Chã, entre Carenque e os Moinhos da Funcheira. Estes sepulcros,  genericamente designados Grutas Artificiais por terem sido escavados na rocha, integram-se numa tradição cultural-funerária mediterrânica, mas evidenciam também características próprias numa região que coincide, grosso modo, com o Estuário do Tejo. De entre outras necrópoles deste tipo, destacam-se as grutas artificiais da Quinta do Anjo, em Palmela, da Alapraia e de São Pedro do Estoril. Dando de alguma forma, continuidade à morfologia das antas (de que podem ver-se alguns exemplares a oeste da Necrópole, em Queluz - Monte Abraão), as Grutas Artificiais apresentam uma arquitectura característica:

enxo votiva em calcário  Têm acesso por um corredor, em regra voltado a nascente, que comunica com uma câmara funerária através de um pequeno portal de formas arredondadas. Tanto o corredor como esta clarabóia estavam cobertos por lajes de calcário, fechando a estrutura ao exterior.

  A construção e as primeiras deposições de cadáveres que ali estão testemunhados remontam ao final do Neolítico (4º milénio a.C.), altura em que se vivia já na região uma economia de base agro-pastoril, evoluída sob o ponto de vista das tecnologias de produção pré-históricas. Dos mortos ali sepultados pouco se sabe. Não é certo que provenham todos de um mesmo povoado ou que tenham pertencido a alguma formação social específica com acesso exclusivo à Necrópole. Dos rituais a que foram placa de xistosubmetidos também se desconhece quase tudo, mas aceita-se, pelo que se sabe desta cultura, que nas deposições mais antigas (Neolítico Final) os cadáveres possam ter sido acocorados de encontro às paredes, em posição fetal e rodeados das respectivas oferendas. A utilização posterior da Necrópole (na Idade do Cobre), testemunhada pelo aparecimento de utensílios em cobre e de cerâmicas campaniformes, veio perturbar a disposição original das ossadas e artefactos, dificultando a reconstituição da sua disposição no recinto tumular.

   O espólio é constituído por algumas ossadas de indivíduos representativos dos tipos humanos que habitavam então o Sul da Estremadura. Eram maioritariamente adultos e jovens, gráceis e de pequena estatura. Recolheram-se também cerâmicas com decorações campaniformes, assim como materiais líticos e metálicos de carácter utilitário que dão acesso ao conhecimento das formas económicas e da tecnologia de que dispunham os construtores da Necrópole de Carenque. Um terceiro grupo, essencial para a compreensão da sua vida mental, é o dos materiais votivos que acompanhavam os mortos no ritual funerário, que põe em evidência uma vida simbólica de inspiração agrária muito rica. Os mais frequentes são ídolos, em regra talhados em calcário que variam desde os cilindros lisos ou decorados, às representações de utensílios como a enxó. Mas também foram recolhidas placas de xisto e lúnulas (crescentes lunares) em calcário, ambas com orifícios para suspensão. No âmbito destes materiais de carácter mágico-simbólico a tónica dominante é dada, de um lado, pelos símbolos da sexualidade e da reprodução, e por outro, pelas representações lunares, certamente em associação com as primeiras formas de calendarização do tempo, sem as quais não teria sido possível uma comunidade de agricultores-pastores organizar-se.

Bibliografia complementar:

CARTA ARQUEOLÓGICA DA AMADORA; Jorge Miranda, Gisela Encarnação, João Viegas, Eduardo Rocha, António Gonzalez;   Câmara Municipal da Amadora, 1999.

Grutas Artificiais do Tojal de Vila Chã (Carenque), Manuel Heleno, Tipografia da Empresa do Anuário Comercial, 1933.

 

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