Baútas - Povoado

 Muro associado à ocupação da Idade do Ferro.Integração cronológica: Neolítico; Calcolítico Pleno; Idade do Bronze (?); Idade do Ferro.

Condições de visita: À data as estruturas encontram-se cobertas para preservação, pelo que não são visitáveis.

                         

Localização: Na pedreira das Baútas, ao cimo da Rua dos Trabalhadores, na localidade de Carenque.

Este sítio arqueológico constitui um significativo exemplo de um povoado de cumeada no Município, com uma cronologia de ocupação que vai do Neolítico à Idade do Ferro. Foi descoberto e sondado em 1970 por José Arnaud e Teresa Gamito. Foram efectuadas sondagens posteriores (1989,1990) pela CMA com a colaboração da ARQA. Nas sondagens efectuadas em 1989/1990, detectaram-se quatro estratos arqueológicos:

  1. Camada de aterros resultantes da actividade extractiva da pedreira com pouca abundância de materiais;
  2. Camada calcolítica colocada sob a forma de aterros em consequência da limpeza dos terrenos para extracção de pedra, com grande abundância de materiais.
  3. Camada da Idade do Ferro com um nível de ocupação selado por derrubes da estrutura e um outro de abandono.
  4. Camada de intrusão nos interstícios do lapiaz com escasso materiais arqueológicos.

"Gigantes de Pedra", referência visual do arqueossítio.Nas mesmas sondagens foi posto a descoberto um muro, associado à ocupação da Idade do Ferro, construído em pedra vã, calcária, assente sobre a rocha base, cujo interior era regularizado por lajetas também em calcário. No entanto, dada a destruição a montante e a jusante do troço de muro referido, provocada pela pedreira, não foi possível identificar qualquer tipo de conexão estrutural permanecendo inconclusiva a sua natureza.

No que diz respeito ao materiais arqueológicos, de referir os abundantes materiais líticos em sílex: lâminas elípticas e sub rectangulares, pontas de seta de base recta e côncava, uma ponta de seta "mitriforme" e diversa utensilagem sobre lasca e lâmina, elementos de mó em arenito e diversos utensílios em pedra polida. Surgem alguns fragmentos de alfinete em osso queimado e polido, e uma ponta de agulha também em osso.

A distribuição do espólio cerâmico Calcolítico evidência um grupo bastante representativo de cerâmicas de fundo comum, baseadas na esfera (taças em calote e esféricos), um grupo significativo de vasos de corpo alto, taças largas de bordo espessado internamente e ainda cerâmicas caneladas. Surgem, igualmente potes, frequentemente decorados com caneluras Alabarda tipo "Carrapatas" ou "Atlântica"largas e superficiais próximos do bordo. Boa parte destas cerâmicas apresentam decorações, maioritariamente impressas com motivos baseados na folha de acácia e suas composições em crucífera. Não foram encontradas decorações caracteristicamente campaniformes.

A análise da distribuição das cerâmicas da Idade do Ferro revela uma predominância clara das cerâmicas de pasta alaranjada, da qual sobressaem as ânforas tipo Ibero-púnico. As cerâmicas cinzentas finas, muito escassas, têm por formas, as taças e os pratos.

De referir que em 1982, foi oferecida ao GAPROPA por um trabalhador da pedreira uma alabarda em cobre arsenical tipo "Atlântico" e uma lâmina de faca espatulada, igualmente em cobre arsenical. Contudo, não recolhemos outros materiais provenientes do mesmo Horizonte cronológico-cultural. Deste modo, estamos em crer que tal ocupação, a ter existido no lugar, terá sido destruída por acção da pedreira.

Bibliografia disponível :

CARTA ARQUEOLÓGICA DA AMADORA; Jorge Miranda, Gisela Encarnação, João Viegas, Eduardo Rocha, António Gonzalez;   Câmara Municipal da Amadora, 1999.

O povoado fortificado Neo-eneolítico da Serra das Baútas (Carenque, Belas), in O Arqueólogo Português, José Morais Arnaud; Teresa Júdice Gamito; Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia, 1972.

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